O sensual, de uma forma só nossa

O sensual, de uma forma só nossa

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

É brincadeira!

Diante de um texto, o inesperado pode nos fisgar e  fotografar nosso corpo imóvel, até um grito nos acordar: "Tô aqui!" Foi  minha alma (energia) que explodiu, ao ler: "Ateu com alma". 
Passado o susto, fiquei feliz. Tenho alma! Que descoberta! Que  alegria! 
Parei pra pensar. Quem parou? Meu corpo? Minha alma? Se eu fosse atéia sem alma, quem pensaria? Qual seria minha identidade? Mas será que existe ateu sem alma? Seria um Ser bem esquisito! 
Tudo por causa de um texto lido, que fixa uma entrevista com Rebeca Goldstein, escritora (de Harvard) - publicou um livro dando dicas para o bom convívio de ateus e não ateus. ( Não sabia que não se davam bem.) O personagem dela, Cass Seltzer, é um ateu com alma.  
Tentei imaginar um ateu sem alma. Não deu. Mas para os religiosos dá! E como dá! É a teoria do "homem-dual" - corpo e alma. O corpo é da Terra, a alma, um pedaço de Deus! O corpo se alimenta com que a natureza providencia, e fica por aqui. A alma se nutre do alimento transcendental - a espiritualidade - e vai para o céu. Vai pra onde mesmo? Que lugar é esse que ninguém conhece, nem ouviu falar, mas que a humanidade defende com 'com unhas e dentes'? (Não com os meus.) Onde o eixo que une os dois? - me perguntei. Ficou confuso. Eu - cérebro - baratinei. Ah! Freud, você, que mapeou o inconsciente, deixou de fora a "ponte" até o consciente? Jung, seu "inconsciente coletivo", reunindo todas as mentes num só pensamento! Se você visse no que deu! 
Descobriram o DNA - do corpo . E o da alma? Ah! É de Deus. E o que impera no Brasil, dá pra envergonhar!
Fui até a palavra "anima". É 'energia' - que anima o corpo -  animava até há dois mil anos. De lá pra cá, passou a Ser transcendente, fazendo uma rápida viagem pelo Planeta. 'Espiritualidade não é alimento transcendental, não, é o 'poder de pensar a vida, experimentá-la, exercê-la, vivê-la diante do Infinito'. Do mistério. Afinal, não sabemos nem quem somos, pois o cérebro é ainda um mistério, apesar de sabermos nele alguma região que se faz marcar em alguma ação, ou mesmo manchas coloridas ativadas... Não sabemos nem em que matéria estamos mergulhados ( já falei disso), nem como as  pessoas chegaram à conclusão de que existe ateu com alma e ateu sem alma. Que confusão fazem com nossos vocábulos, quando dela se apropriam para seus intentos. (Aguardo o download de pensamentos.) E 'nutro' meu pensamento com a beleza do sol, do luar, do outro (especial), com tudo que encanta o Ser, principalmente o mistério. Aí está a chave! Deixo pra vocês pensarem.
E o ateu, já colocado no inferno - em vida!- tendo que ouvir frases constrangedoras, não para ele - quem disse que  elas o constrange?- ser qualificado de 'pedante', 'fanático', 'pecador', e vários adjetivos em oso: presunç, pretenci, vaid, orgulh, olha para o outro e vê o outro, olha para o infinito e vê o infinito ( e se for finito,  mas  vá lá, chega de confusão).  E nada de calar o corpo pra ouvir a alma, nem peregrinar pra se encontrar, o corpo usa os cinco sentidos (+ alguns) que nos fazem ter sensações deliciosas de vida e na vida. E como é bom!!! Charles Darwin, que bem você fez para a humanidade!
Ah! Ateu. Um Ser total! Único! 

             
P.S. No link acima, ver Jahn. Resumos de livros ateus. Entre outros.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Metáforas da Liberdade

Num exemplo simplista, uma reflexão de momento me levou ao último verso de um poema que escrevi: 'A escolha da liberdade'. Eu era jovem, talvez ainda não a entendesse. Mas a desejava. Resquícios de conceitos? Idealismo? O tempo, sempre o tempo, que dá cara aos momentos, me esboçou o passado: plantava-se no coração dos jovens o idealismo, a liberdade, alegria... trabalho. Mesmo no Brasil, aldeia fechada, que nos fechava também. Desmistifiquei obstáculos que impediam essas sementes de crescer. E tenho muito a aprender. Não sabia se elas venceriam. Meus textos foram meu diário. Eu vi um botão em cada texto escrito, e nas minhas poesias em particular. Foi nelas que aprendi a fazer metáforas.  A realidade se sobrepôs, e as metáforas se transformaram em arte. Jornada difícil. Aventura de vida. A metáfora na vida. Entendi.

  Liberdade tem Beleza, Elegância, Perfeição e Disciplina. Como o Universo.

  Assisti a uma entrevista, gravada, de Joseph Campbell ( O Poder do Mito). Toda a ânsia do Ser em criar uma ligação com o Universo.  Um exemplo de Mito. Mexeu comigo.  O mito e a expressão brilhante de seu olhar enquanto falava.
  "Ritual da sexualidade" entre índios: A festa dura dias. Muita dança, cantos. Uma cabana. Uma jovem, nua, deitada no chão. A jovem feliz.  Entra um rapaz para sua iniciação sexual. Depois mais um, outros. Felizes. Cientes de seu fim. Viveriam a sua verdade. No sexto, a cabana desaba. Mortos, assados, comidos.'

 Ainda na entrevista:
Repórter  ─ O mito é mentira!
Campbell ─ O mito é metáfora.
Repórter  ─ O mito é mentira!
  O escritor de repente compreendeu que o repórter não sabia o que era uma metáfora. Também questionou os mitos de hoje: Quais são nossos mitosO mercado? Isso até 1987. De lá pra cá muita coisa, sutil e velozmente, aconteceu.

Assistindo ao jogo de vôlei da seleção brasileira, sua derrota previsível na quadra, observei um detalhe: em letras chamativas, o nome do patrocinador. Na camisa, no peito. Um pequeno símbolo, acima, se referia ao Brasil.
  Não era assim. Lembro-me das letras destacadas e inflamadas de entusiasmo -Brasil - nas camisas - verde - amarela - dos atletas. Eles representavam o Brasil. Tinham consciência disso. Eram nosso orgulho, éramos nós lutando - para vencer. Livres no patriotismo, no grito, na torcida, na alegria. Queríamos a Perfeição. A vitória. Foi uma sensação estranha.
  O detalhe na camisa me marcou. Como o brilho dos olhos do escritor, no caso horripilante narrado. Depois entendi que ele vibrava pelo mito em si. Este acabou. Outros não. Outros evoluíram. E fez a dramática pergunta: Quais os mitos atuais?
De lá para nossos dias, a humanidade deu um salto. Para o abismo? Cabe às gerações ainda presentes decidirem.
  
 Voltei ao jogo. O repórter, no desespero, gritava. Faltou técnica, faltou trabalho! Faltou responsabilidadeDisciplina! Faltou garra! Não pode deixar de receber a bolaO que é essa indecisão! Isso é levantamento Que tática!? Brasil! De repente um grande movimento. A torcida dele vai à loucura. Mais decisãoMais potência na luta! Quanto mais erros você cometem, mais são dominados!  E a derrota. Não eram livres para a vitória.

Suas palavras  eram a ânsia de perfeição se manifestando, de liberdade abrindo uma brecha para a vitória, no grito de desespero ante a imagem da tristeza. Era comunicação íntegra, eficaz, que não comportava derrota. Mas aceita, cabisbaixa, coração apertado.

Onde nossos mitos para explicar o homem e o universo?
Fala-se no mercado, nas ideologias políticas ultrapassadas, que fazem e desfazem seguidores, que distribuem medalhas e  que criam suas próprias metáforas. Transformadas em realidade. E aguentemos os mitos arcaicos que nos dominam, dominam metade da humanidade, como os religiosos. Alguns de dois mil anos atrás. Outros mais. Outros recentes. Com personagens falsificados em tramas servis. A ciência é que defende a liberdade. Somos descendentes de símios. Agimos por imitação. 

Se mito é metáfora, ele não é mentira, mas não é realidade! Aí o problema. Transformar o mito em realidade. Mitos caducam. Aprisionam. São ninhos de preconceitos, de ignorância, são 'algemas invisíveis' (metáfora). Aí um empecilho para a liberdade. Aí o blefe imposto à humanidade.
Um vitória tem sua engrenagem. Na derrota do Brasil, ela não esteve presente. A liberdade tem sua essência. Me lembrei da Gestalt, de um seu princípio básico: o paradoxoliberdade necessita de disciplina. Aprendi isso cedo. A minha e a compartilhada. Na comunidade. Na nação. No mundo.
Depois... o jogo de tênis. Federer jogando. A platéia iluminada com jogos de luzes, destacando rostos. Alegres, torcendo, vibrando, livres. Um cartaz se iluminou, uma metáfora brilhou: SE O TÊNIS FOSSE RELIGIÃO, FEDERER SERIA DEUS.
Nessa religião eu entraria: ELE lidera como gênio, lidera pela perfeição, pela liberdade, pela competência, pelo exemplo, pela emoção, não dita leis, não promete nada e não manda recados.
P.S. "Seus olhos (dele) são estrelas." Uma metáfora. Transformada em comparação: 'Seus olhos brilham como uma estrela brilha. Olhem mais atentamente para o seu olhar. Verão a liberdade.
Liberdade é comunicação.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Falar de amor é sempre uma fala prazerosa, que mais ainda se torna, quando um homem e uma mulher o vivem espontaneamente, com o carinho, o romantismo, a sensualidade, a sexualidade, a ternura de um pelo outro, como em "O sensual, de uma forma toda nossa". Os caminhos dos personagens foram diferentes até o encontro inesperado, que lhes abriu os olhos, em que as bocas sorriram e se falaram. Daí, se tornaram um nesses momentos em que criaram e celebraram situações amorosas, um misto de virtual-e-real.
Emoções,sentimentos expressos (do íntimo de cada um), risos, comentários, elogios, sacanagens, músicas, recordações, vivências – discussões, desentendimentos, acertos e e alegria - tudo em uma pergunta: Vivir, que es vivir?
Foram mentes que não tiveram relógio nem calendário, e se revelaram um ao outro, pela satisfação do encontro que a vida lhes presenteou. Juntos, construíram essa história de amor, fazendo do inesperado uma realidade, acreditando no destino, transformando instantes em realidade poética.
É uma obra que sai das mãos da autora e vai às mãos do leitor, que a vivifica. Depende desse sopro de vida para viver. Cria alma, fala de alma para alma, cumprindo seu destino de poema, num corpo atraente, sexy, bonito, criado por um artista, projetista gráfico. O poema é o corpo sensual, de um e do outro.
Numa escrita elegante, estilo coloquial, com precisão de palavras, figuras de linguagem, temas existenciais mesclados à sensualidade, tendo o tempo, o espaço, a vento, a lua e o sol, como artífices da arte poética, tornando-os ao mesmo tempo românticos, com estilo conciso e próprio.
É uma leitura saborosa, gravada com as “rimas íntimas da sensual ternura”.
São 35 poemas, que, como diz o autor do prefácio, “gostoso de ler, gostoso como tudo que ruboriza”.
É um falar de amor, construído com a felicidade, para ser saboreado sem o gosto de "pecado", ou melhor, "com o gosto de fruto do pecado ".

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/poetry/2090258-sensual-uma-forma-s%C3%B3-nossa/#ixzz1Oo0hlTny

O Livro.

domingo, 2 de junho de 2013

O legado de Eva

Pesquisas são necessárias. Fixam quadros dantescos ou os transformam  em charge ou alimentam o mercado de consumo ou viramlivros ou realizam catarses...

Numa pesquisa da Indiana University, publicada no Archives of Sexual Behavior, li sobre homens e mulheres - pesquisa feita por homens. ?!?! O fato é que ficaram "atônitos". Até o que sei, devo então estar desatualizada, pra mim a expressão é ao contrário.Sabe-se então que mulheres não se importam muito com abraços e beijos, mas os homens, sim! Abraços e beijos os fazem trêêêsss vezes mais felizes. Não falaram do porquê.
A pesquisa suscitou comentários de profissionais no assunto. Instigou-os a investigar. E fizeram pesquisas com... a mulher. Tinha que ser. E elas responderam. Que coragem! Três perguntas foram formuladas:sobre sentimentalismo (não sentimento), sensualidade e sexualidade. Em relação aos homens. Sentimentalismo gerou lamúrias: "um homem com quem se compartilhe coisas, em quem se possa confiar, que seja gentil". Sensualidade provocou nada menos que: "sorriso envolvente," "vigoroso, mas não necessariamente atlético", "apaixonado pela vida e sexo". Sexualidade teve a ousadia de ter respostas "profundas": "eles têm que ter mais paciência conosco", "posições preferidas e, a mais densa, "diálogo no dia a dia.

Ah! se tivessem perguntado por que os homens as chamam de "anjo", a resposta seria: Somos seres assexuados como eles.Afinal eles são modelos.

Como de questionamentos e respostas como essas é que sai o alimento das normas de comportamento, de mercados de consumo, de reportagens de capa, de propagandas, da mídia em geral, numa imagem de photoshop ( ou desfigurando-a), parei pra pensar. Loira pensa!
Numa reflexão descolada, dessas que a gente fecha com uma risada, me disse: " É o legado de Eva!" Na simplória cena da... você sabe. E a realidade tacanha se consolida, tal qual a maçã envenenada num gesto descarado, dada, pelos contadores de estórias. Bruxos? "Ah!, não"" "Calma, foi uma bruxa".

Aí o lado engraçado da história (que pode não haver acordo): Se Eva tivesse se dado a um sexo gostoso e sensual, com orgasmo, e deixado de lado o sentimentalismo, nossa estória seria outra. E me pergunto: "Que cabeça(s) imbecil (is) inventou (aram) esta estória? (Uso esta, porque ela está perto de mim.) E como ela se perpetuou? E cito o fato:  a mulher como cúmplice. Como? O homem replicou rápido: "Foi ela que me tentou!" Coitadinho! Vítima. E impingiu na mulher o complexo de culpa.

Haja paciência para aguentar a estória de alma gêmea, do pedaço que me completa, do homem que me procurou nesta vida - já tínhamos sido amantes em outra. Não sabia que faltava pedaço no ser humano! Ah, me desculpem, é modo de falar. 

Que legado! Cresce mais que nariz de Pinóquio. Tem "gato escondido nesta história".
O fato é que, na atualidade,depois da rebeldia feminina, de gritos de ocasião, queima de sutiã, estamos mergulhadas em um paradoxo:a sociedade em geral, desde a mídia unida ao social-familiar, incentiva o sentimentalismo (aqui vai bem), a sensualidade e a sexualidade e, ao mesmo tempo, com o faro de um cão de guarda, transforma tudo isso num ato condenável, quando protagonistas são flagrados em um "deslize" e se formam escândalos memoráveis, pondo-se como guardiões da Árvore do Conhecimento.

É, a mulher está carente! Principalmente as casadas. Mas não para  desespero.Estão aí os sites que "buscam amantes para mulheres casadas"
É so cadastrar o perfil. Depois de vencer o desafio.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Mulher Solidão

Mulher Solidão

Crianças nascem. Seus olhos se iluminam com a luz do mundo. Na mulher, luz que se ofusca. No homem, luz que se contamina... O ventre que os gerou, será por eles apunhalado.

Rússia. Jovens. Mulheres. Palco. Rostos mascarados. Cantam a liberdade. Canto sonoro. Canto-súplica. A polícia. A cadeia. O Governo: NÃO. Homens.

− Vídeo. Uma delas, na cadeia, com o olhar meigo da juventude que sonha realizar com plenitude sua vida, pede para cumprir a pena mais tarde, pois tem uma criança, sua filha, para cuidar.

Índia. Jovem. Num ônibus. Estuprada. 6 homens. Morta. Presos. Homens.

Índia. Meninas. 3anos.7anos.9anos. Estupradas! Jogadas num poço. Desconhecidos. Homens.

África do Sul. Jovem. Assassinada. Pelo parceiro. Homem.
Ele: Não fui eu, foi um bandido!

Brasil. Paraná. Mulher. Assassinada. Pelo parceiro. Homem.

− Quando cheguei em casa, ela estava morta.

Brasil - Santa Maria: + de duzentos mortos. Feridos. Ganância . Irresponsabilidade. Homens.

Tingem o mundo de luto. Desprezo. Impunidade. Escravidão. Poder. Déspotas. Leis. Descaso. Religião. Autoridade.

Mundo-imagem: Indignação. Paralisia. Choque. Nervoso. ‘Não quero nem saber’. Gargalhadas masculinas.

ONU MULHER

Campanha para o fim da violência contra a MULHER.

Reunir 1 bilhão de pessoas para o lançamento da campanha.

Iniciativa da ex-presidente do Chile, Michele Basselet. O objetivo: reunir um bilhão de pessoas, caminhando, levantando, dançando, simplesmente exigindo o fim da violência contra as mulheres. E o resultado já pôde ser visto a partir de 14 de fevereiro no mundo todo, da Turquia à Itália, grupos de mulheres saíram às ruas protestando contra a violência sofrida pelas mulheres.

Dados das Nações Unidas: 70% das mulheres vão sofrer espancamentos, estupros, mutilações, tortura física e/ou mental. E outros abusos. É assustadora, assombrosa, esta situação em pleno século XXI.

Detalhes: os atos de violência contra adolescentes e mulheres de 14 a 44 anos matam mais que o câncer, a malária, acidentes de trânsito e as guerras somados.

Estados Unidos: 30% das mulheres que foram assassinadas, tiveram seu parceiro como assassino. Na África do Sul, uma mulher é assassinadaa cada 6 horas. Pelo parceiro. Na Guatemala, 2 mulheres são mortas por dia em média – mulheres e meninas representam 80% das oitocentas mil pessoas traficadas anualmente. A maioria para exploração sexual. Fora as que se vendem voluntariamente. 140 milhões de mulheres sofreram mutilação genital no mundo. E mais de 60 milhões são vítimas de casamentos arranjados antes de completaram 18 anos. A ONU MULHER calcula que também 150 milhões de meninas e meninos, de adolescentes menores de 18 anos sofreram alguma forma de violência sexual (dados de 2001). 150 milhões!!! Dez já se passaram depois disso. Só a ‘Igreja Católica”, os ‘representantes de Deus’, pagaram 600 milhões de euros em processos judiciais impetrados pelos meninos estrupados.

Em nosso Brasil, a cada 2 horas uma mulher é assassinada! Uma mulher é agredida a cada 15 segundos.

Prioridades da ONU MULHER. Acabar com a violência contra a mulher. O Secretário Geral da ONU apoia o fim das agressões. Pede aos líderes de todo mundo a cumprirem suas promessa de pôr fim a essas violências. Pedem a denúncia e punição dos agressores. Diz que a violência contra as mulheres é uma espécie de pandemia que se multiplica numa cultura de discriminação e impunidade.

Ele Lembrou que líderes internacionais vão estar na sede da ONU daqui a 3 semanas para participar da comissão sobre o estatuto da mulher. Ao todo 18 países já se comprometeram a participar desta iniciativa pra acabar com esta violência. Os outros estão fora por quê?

  EU- Senhor Secretário da ONU, são 246 Países (ISO) ou 192 Países (ONU) ? 29.06.08
          Que notícia auspiciosa: ELES prometeram. Não cumpriram. E daí?
          Pandemia? Como deixaram isto acontecer?

E...o desespero. Milhões de mulheres são cúmplices Deles.

− Estão nos matando! Socorro!

Fico com mil perguntas e quase nenhuma resposta. Por que permanece a tentação de eliminar a mulher?

Em Auschwitz, campo de concentração de UM HOMEM e seus comparsas, gravada num bloco:

− Mamãe, quando eles nos matarem vai doer?

−Não, queridíssima, não vai doer, vai levar só um minuto.

Joana Rolim


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Face na Realidade. Conto. Tema: A mulher.

Prezados leitores, MINHA HOMENAGEM À JOVEM ESTUDANTE INDIANA DE 23 ANOS, VÍTIMA DE ESTUPRO COLETIVO.
                                A Face na Realidade - Conto

Inesperadamente, uma notícia que choca o mundo. Que dói em cada mulher. Mulher que quer ser, que quer exercer seu direito à vida. Que luta contra à desigualdade forjada pelos mitos religiosos e políticos. Que luta contra a submissão à Lei dos Homens.Mulher não tem Lei. Obedece-a simplesmente. Mulher que sente na carne e em seu íntimo a crueza dos  atos  masculinos - sem consciência humana, mas simplesmente animal.
Mulher que sente na realidade cotidiana o despreparo para viver num universo hostil a ela. Jamais imaginei que minha primeira crônica em 2013 seria esta homenagem póstuma, que reflete todos os estupros dos bilhões de mulheres que por isso passam, que sobrevivem ou morrem por.

             A FACE NA REALIDADE, CONTO CLASSIFICADO NO "CONCORSO LETTERARIO INTERNAZIONALE VOZES & VOCI 2012 MENZIONE D´ ONORE 
-CATEGORIA ORO
TEXTO: DI FONTE ALLA REALTÀ : JOANA ROLIM
PARTICIPAÇÃO COM DOIS CONTOS: A FACE NA REALIDADEESTRANHA MELODIA 

 Lançamento da Antologia Bilingue Vozes & Voci 2012 na Itália (Milão) na Livraria Internazionale IL LIBRO, às Horas 16:30 - 29 de novembro 2012.

 

A FACE NA REALIDADE

   Sentada num banco do parque, suada, cansada, olhava as pessoas andando, correndo. O aroma das árvores, no bosque denso, que me tapava o sol, me impregnava  de energia. Sem pressa, alternava a posição do corpo. Um cumprimento.
   ─ A escritora-poeta... Bom dia!
   ─ Bom dia! Ela leu meu livro de poemas sensuais!
   Ela espontânea. Eu espontânea. Ambas sorrindo. E começou o conflito. Atordoei. A 'ficha caiu'. Que sensação indescritível me inundou. Mas foi minha mente que gritou: 'O quê!' Confesso que me assustei. Meu mundo estava turvo. Respirei. Refleti. Que 'medo' esquisito me retesou? Eu não tinha mais controle sobre meus textos. E sabia do lema: 'Escritores' não tem medo. Eu estava com.
   Me espantava com a força dos seus textos em suas palavras marcadas pela ausência de submissão, pela certeza, denúncia na expressão, esperança pelo bem comum, pelo olhar na civilização. Os grandes escritores são forjados em situações que os erguem firmes, suas mãos materializam o tempo e o espaço. Sem o outro, mas com todos os outros. Como se faz isso? Criam seu universo e se fazem de deuses. No vazio, onde um tema que teima em ser, se aninha, constroem seu mundo-ficção-realidade. Compartilham. O livro nos pega de surpresa, ali vem o inédito, a permissão para espiar outro universo, o deles. Nós, pegos no flagrante, nos entregamos a seu convite-astúcia.
   ─ É assim? Onde a senha? ─ pergunto a eles.
   Aprendi e apreendi o mundo-invenção, invenção da vida que não foi, ou da vida que é, que oprime, destrói, exalta, celebra. Ou para me livrar dela. Criei meu universo de personagens e escrevi meus textos-ficção. Mesmo sabendo que sou o segundo sexo, como diz Simone de Bouvoir. Uma outra dimensão da realidade se fez, complexa. Um desafio para mim e para meu contexto. Insegura pela abertura das coisas? Que responsabilidade ter mexido fundo na minha alma e na do outro.
   ─ Para um sonho? Feliz e apreensiva?
   Ainda não tenho as respostas. Entrei nessa aventura. Que prazer desvendar um mundo em mim inconsciente, face a face com a realidade! Ouvi a palavra-caráter, a palavra-incentivo, a palavra-crítica (às vezes cruel). Vi boca-fechada-engolindo-a-inveja, a-indiferença, porta-na-cara, porta aberta, verbos de ação se fazendo e alternando a emoção. Tudo enfrentei! Por que o medo agora?
Alguém se sentou no banco, ofegante. Também cansada. Me virei para ela, ela não me olhou. Abriu uma garrafa d´água, sorveu-a sedenta no gargalo. Jovem, cabelos ruivos, sardas. Não consegui ver seus olhos. Ali estava uma realidade e uma história. Ainda não havia uma personagem. Água! Água!Água! Olhei o parque. Lá...ah! tem. Fui.
   ─ Sem gelo e sem gás, por favor.
   No chuveiro, meu corpo se deixava tocar por ele mesmo. O suor escorria na água tépida e minha mente torcia o passado.
   ─ Dafne! Dafne!
   ─ Escritora-poeta!... Que lindo! Que bálsamo!
   Sou mulher, produto-da-civilização, O Segundo Sexo. A mulher que se conforma, que reclama, denuncia?, obediente, sim, senhor, estou aqui, faço sim, já vou...não vou, não.... ou que sente os músculos da garganta que se apertam e abafam a fala até a sufocar. Quando desiste, eles se afrouxam e indicam o seu lugar. Eu me desafiei!
   Me deram um papel travado ─ pilhagem da cultura? Me exigiram decorado. Decorar eu decorei. E o cumpri, mais ou menos. Errava muito. Mas, olhos perdidos, expressão vazia por vezes, a rotina me embalava. Os limites me torturavam. Intuía um mundo diferente. Eram os livros que me puxavam, que faziam da minha inquietação uma certeza, ou que me ensinavam o jogo de descobrir. E de esconder. Quando menina, ao descobrir o sexual num poema, o escondi no forro do casaco. Dos livros proibidos, trocava a capa. E os devorava. 'Livros-fusão' e 'livros-confusão', assim os marcava, assim os separava. Os 'fusão' me mimavam, me iludiam, passavam. Os 'confusão' me provocavam com a polêmica astuta dos 'deuses', cuja palavra eu decifrava. Vibrava. Cabeça levantada, sorriso malicioso de quem descobria o mundo, eu adentrava num caminho desconhecido, a mim não mostrado. Eu o via! Eu o queria! O 'até onde' me laçava.    Havia fronteiras. Mas a poesia vencia, me pegava e eu com ela brincava e eu com ela ria e eu com ela atingia um outro existir.
   Estou na fronteira. Existe fronteira?
   Do lado em que estou, existe.
   E agora?Agora parei.
   Mas acabei de fazer um poema!
   Onde o obstáculo?
   Em um agora qualquer, com o corpo liberto, se deixando levar pelo sonho, os olhos armando a cena em busca de um momento indefinível ainda, eu repito com Pessoa: Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino!
   Eu leio buscando o segredo do autor. As personagens o sabem. Perguntava a elas. Não me contavam.
   ─ Tola, você contaria o seu? Não!
   O livro só se fechava quando a realidade me chamava.
   ─ Por que me mentiam meu destino?─ Eu ainda não tinha lido a Simone.
  Me falta toda uma vida, desperdiçada em bancos de igreja. Cheirei incenso demais, ajoelhei demais, cabeça baixa e mãos espalmadas pairando no ar, porque amestradas, ouvi palavras vãs, mentiras em troca de nada. Me ensinaram um mundo plano e me fizeram segredo do mundo arrogante e das situações tortuosas que explodiriam. Em  mim.
   Na janela, o matiz vermelho e laranja de fim de tarde seduzia meu olhar. Ainda tenho medo. Mas já compreendi o que é escrever 'na carne'. Os escritores defendem seus textos contra tudo e contra todos, enfrentado-os com suas personalidades responsáveis.  Insegura, minhas forças ainda tateiam em busca de apoio. Estou decifrando o que é manipular um tema, uma palavra, um alguém inventado.
Minha vida molenga de mulher se mostra e se conflita com o contexto desigual em que perambulo, onde me busco inteira. Descobri a realidade-magia, o amor na poesia, o drama disfarçado que engana, o mundo que forma vidas, e a me defender com lápis e papel. Tenho certeza do que escrevo. Não tenho certeza de mim. Papéis se despedaçam. Não tenho cicatrizes na alma. Vou continuar escrevendo na solidão do instante, no caos de minhas experiências, no contar as histórias, mesmo que seja a de um estranho passando por mim. Quando quiser um afago, vou relembrar das palavras que fizeram deste texto uma partícula do meu universo.
   ─ A escritora-poeta... Bom dia!
   ─ Bom dia! Obrigada.
   No momento, escrevo a história da menina ruiva se fazendo personagem. Seus olhos são verdes.
                                                                   
                                                                       FIM

 P.S. A jovem indiana devia ter olhos negros. Todos os olhos das mulheres choraram por ela.